Banco da Amazônia

Alice, no BASA, quem manda é a rainha de copas.

Comparar os desafios de uma instituição financeira, assim como, as “posturas demandadas” por sua gestão, ao corpo de empregados, com um clássico da literatura mundial, já parece patético, quando esse clássico é o fantástico “Alice no país das maravilhas”, então, a estranheza cede lugar à ignorância e a hipocrisia, não nessa ordem, exatamente.

Um Banco não é um lugar lúdico destinado a ensinar princípios de liberdade e felicidade para uma criança. Talvez o Banco seja o maior símbolo institucional da racionalidade (em seu viés positivista) da modernidade. Talvez, porque o Estado pode lhe superar. A frase clichê sobre o “não saber aonde ir”, em nada se refere a metas “palpáveis”, mas à liberdade, cuja noção se erige da escolha na vida. Mas essa pode ser apenas uma interpretação, cada um interpreta por seu viés.

Um Banco é uma relação social rígida, permeada de regras positivadas, monitorado e controlado por outras instituições e, cujo fim supremo é o lucro. Não há magia num Banco, nem fantasia. Os dirigentes não querem a realização de seus empregados, querem apenas seu trabalho e, pelo menor custo possível.

Mas, o caso da suposta sabedoria sobre a mudança não passa de um “abc” motivacional corporativo e raso. A mudança, de fato, é inevitável, por ser inerente à cultura humana, mas, isso não diz nada. Se a mudança é inevitável, seu sentido não o é. Podemos escolher o sentido da mudança então? Não isoladamente. Isoladamente a única coisa a ser feita é encontrar um bote salva vidas.

As mudanças são imposições de estruturas de poder. A Diretoria do Banco é uma estrutura de poder, você não é consultado sobre a mudança, a mudança apenas lhe trata como objeto, então ela não é algo espontâneo, mas, sim, planejado. É típico dessa ideologia dos “negócios” tratar o deliberado, como espontâneo. Se você não sabe quem está mandando fazer, não significa que o fenômeno não tem uma autoria.

Então, um Banco não é um “país das maravilhas”, e as mudanças não são apenas “algo que acontece”. Que fazemos diante disso? Reclamamos, é claro, e, com justa razão. Chorar e reclamar são atitudes humanas, então para “atingir seus objetivos” você deve renunciar a sua condição de humanidade e parar de reclamar? Quem escreveu o texto, que ora confrontamos, quer exatamente isso, alguém que não questione, porque quem questiona, reclama. Quer que você pare de reclamar de salário, das metas da PLR, do baixo reembolso saúde, do fechamento das agências, do corte de funções, porque tudo está justificado pelas “decisões difíceis” que temos que tomar. Mas é engraçado como essas decisões difíceis nunca são para todos. Os “donos do poder” seguem incólumes. Reclamamos sim, mas não como crianças choronas com birra e, sim, justamente, pelos resultados e lucros que nós trabalhadores conseguimos num cenário extremamente difícil.

Apenas por uma fresta caberia uma comparação. Nos bancos quem manda é a rainha de copas e, como no livro, sua frase predileta é: “cortem as cabeças”.

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