Banco da Amazônia

Presidente publica e-mail óbvio que, ao mesmo tempo, é enigmático.

      Na segunda-feira (26), o semanário “Diálogo com o Presidente” que geralmente não passa de um amontoado de bobagens calcadas numa filosofia barata, chamou bastante a atenção da comunidade, não pelo título que não passa de um truísmo, mas porque todos ficamos com uma impressão de que algumas das frases do  texto denotam uma advertência para “alguém”.

      Ainda que princípios e valores morais sejam fundamentais para o equilíbrio de uma comunidade, quando se trata de uma empresa, de uma corporação, o sistema de normas e controles deve ser apropriado e constantemente aprimorado. Faria todo sentido esta mensagem do presidente se fosse acompanhada do anúncio de alguma inovação no âmbito da governança corporativa.

      Temos que admitir que em um aspecto o presidente tem toda razão. As metas não são mais importantes que as regras, vemos cotidianamente a pressão que os empregados do banco, principalmente os gerentes sofrem da própria diretoria para que as metas sejam alcançadas e, nós, da AEBA, sempre alertamos para a importância de conhecer e aplicar corretamente os normativos da empresa. Então quando se trata de cumprir as normas e as leis achamos que o recado do mandatário é exemplar.

      Mas não podemos deixar de assinalar que o banco e sua Diretoria em muitos aspectos estão atuando no sentido contrário àquele da mensagem do presidente. O banco é réu em cerca de 3 mil ações trabalhistas movidas por empregados, quando pensamos que na maioria dos casos o banco perde, somos levados imediatamente a reconhecer o aspecto “ilegal” da gestão. Vejamos, por exemplo, o caso da lateralidade, das ações 7 e 8 horas, o caso do quadro de apoio tratado com a mais elevada perversidade; o caso dos engenheiros que estão sofrendo dura perseguição, o caso dos caixas que comumente extrapolam jornada e não recebem horas extras; o caso da política de assistência à saúde do banco e inúmeros outros exemplos.

      Ao mesmo tempo, no aspecto ético o mais importante é a transparência e a manutenção dos compromissos, pois isso gera um ambiente saudável e estável nas relações, mas isso é exatamente o que não temos a partir da própria Diretoria. Os compromissos que firmamos nas mesas de negociação não são levados a sério; os processos seletivos são duvidosos e as reestruturações infindas alimentam um ambiente de dúvidas e incertezas.

      O certo não é o errado, mas o que é o certo? Fazer um PCCS escondido dos empregados? Deixar mais de 600 colegas sem plano de saúde? Perseguir os engenheiros? Impor retirada de funções em toda a empresa? Implantar um ponto eletrônico de forma unilateral? Exaurir os caixas de tanto trabalho sem horas extras? Abandonar o quadro de apoio? Impor a lateralidade no Mato Grosso e no Tocantins quando ela caiu nos demais estados? Demorar mais de 4 meses para concluir um parecer de renegociação de dívidas? Prometer as coisas e não cumprir? Deixar que a justiça do trabalho seja o único espaço para se discutir a situação dos trabalhadores? Implantar as centrais de crédito quando todos sabemos que se trata de um projeto fracassado?

      Poderíamos escrever uma página inteira com essas atitudes da Diretoria do banco, mas as que citamos bastam. O certo não é o errado! E continuar tratando os empregados do banco da forma que esta Diretoria tem tratado não está certo, esperamos que o presidente reflita sobre isso e pense no que está fazendo de errado quando, mais uma vez, quiser nos falar sobre ética.

1 Comentário
  1. Gilson Afonso de Medeiros Lima 6 anos ago
    Reply

    Uma boa resposta ao presidente.
    Devemos responder aquilo que os empregados tem vontade de falar no correio interno.
    Como diz o Temer: “vamos manter isso”, AEBA

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