Banco da Amazônia

Comissionamento de dirigente sindical expõe relações perigosas

Carlos de Souza é diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e representante do funcionalismo do BB na Comissão de Empresa (mesa de negociação específica com o BB). Ele tomou posse no Banco em abril de 2008, na agência Campo Grande, e cerca de 2 anos depois, em junho de 2010, recebeu uma comissão de gerente de relacionamento na agência Rio das Ostras. O comissionamento se deu em uma sexta-feira e na segunda-feira seguinte, Carlos foi colocado em quadro suplementar, à disposição do sindicato, recebendo o salário com a vantagem RF08. Carlos conseguiu aumentar seu salário de R$ 1.600,00 para cerca de R$ 6.000,00, sem sequer pisar na agência onde foi comissionado.

Em 2009, já havíamos denunciado o comissionamento de Marcel Barros, diretor do Sindicato de São Paulo e coordenador da Comissão de Empresa. Marcel passou de caixa executivo para uma comissão RF06, com um salário de cerca de R$ 9.000,00, mesmo estando liberado do trabalho para o exercício de atividade sindical.

Outro escândalo, denunciado pela Comissão Sindical do Andaraí, foi o comissionamento, em outubro do ano passado, de dois funcionários da Agência Campo Grande como assistentes no CSL Rio sem qualquer processo seletivo. Os funcionários Samuel Braun e José Henrique N. da Rocha chegaram de pára-quedas, deixando todos muito indignados, sobretudo aqueles que passavam por uma seleção para assistente no mesmo momento da chegada deles. É muita coincidência que os dois tenham vindo da mesma agência do diretor do sindicato Carlos de Souza, onde inclusive Samuel era delegado sindical.

Estes fatos expõem as relações perigosas que existem hoje entre os representantes do funcionalismo e a direção do Banco. A distribuição de privilégios ou qualquer tipo de favorecimento a esses representantes comprometem sua independência, colocando em risco os interesses e direitos de toda a categoria. É inadmissível que nossos representantes, ao invés de conduzir a luta pela reposição das nossas perdas salariais, estejam negociando o aumento de seus próprios salários.

Diante do baixo salário de entrada no Banco hoje, todos os funcionários acabam buscando uma comissão e, para tanto, tem que se submeter aos critérios do TAO e de toda a política de comissionamento do Banco, que envolve as certificações, as provas aos domingos, as horas de curso, os processos seletivos, as entrevistas, etc. Comissionado, o funcionário terá que trabalhar 8 horas, bater metas sempre crescentes, sofrerá todo o tipo de pressão e assédio moral, que têm levado uma parcela enorme do funcionalismo a adoecer.

Estes dirigentes não tiveram que se submeter àqueles critérios para conseguir suas comissões e nunca passarão por todas as situações que os funcionários passam para mantê-las. Eles estão distantes da realidade do funcionalismo, perderam sua independência e, com ela, a possibilidade de serem nossos representantes.

O Banco, por sua vez, ao comissionar funcionários por fora dos critérios estabelecidos nos normativos internos e ao utilizar as comissões como um instrumento de cooptação de nossos representantes, demonstra total falta de responsabilidade social e respeito com o funcionalismo.

A Oposição Bancária RJ fez a denúncia do comissionamento do diretor Carlos de Souza no Encontro Estadual do BB, ocorrido neste mês de junho. A reação dele foi ameaçar com um processo judicial quem o denunciasse, tentando nos intimidar para que não continuássemos a divulgar aqueles fatos. No entanto, ele, enquanto representante do funcionalismo na mesa de negociação com o Banco, é quem deve explicações e provar que seu comissionamento seguiu os critérios impostos a todos os funcionários.

Exigimos a saída imediata destes dirigentes da Comissão de Negociação.Não podemos aceitar que as pessoas que negociam em nosso nome estejam devendo favores ao Banco. Desta forma não conseguiremos conquistar direitos tão importantes para o funcionalismo hoje, como um piso salarial digno, que não nos faça escravos das comissões, a jornada de 6 horas, a isonomia, o retorno do antigo PCS e do anuênio, a volta do pagamento das substituições, a melhora da Cassi, o fim do assédio moral e da pressão pelo cumprimento das metas.

Exigimos o afastamento imediato de Carlos de Souza e Marcel Barros da Comissão de Empresa. A nova Comissão de Empresa deve ter os seus membros eleitos em assembléia dos funcionários do BB. Estes devem voltar das negociações e prestar contas à assembléia, podendo ser destituídos a qualquer momento para eleição de novo representante, se o funcionalismo assim decidir.

Fonte: Boletim da oposição bancária do Rio de Janeiro.

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