Banco da Amazônia

Bradesco acirra disputa com bancos públicos




Depois de perder a posição de maior banco privado do País para a fusão entre o Itaú e Unibanco, o Bradesco se arma durante o período de crise, com o intuito de alcançar a concorrência de forma orgânica, passado o momento de turbulência econômica.

 

Para o diretor da InterCapital Finanças, Fábio de Carvalho Pinto, o crescimento orgânico seria a melhor opção do Bradesco. "Já não há no mercado oportunidades que justifiquem adquirir uma instituição. Não vejo um banco que possa trazer uma quantidade de contas que agregue valor às operações do Bradesco", afirma.

 

Com vista nesse objetivo, a instituição está alongando prazos de financiamento com garantia, buscando relacionamento com o cliente por períodos mais longos e fidelização. O banco baixou os juros de diversas linhas de crédito imobiliário e aumentou o prazo máximo de financiamento de 25 para 30 anos.

 

No crédito para veículos, a instituição também reduziu taxa e aumentou o prazo de 60 meses para 80 meses. "Principalmente no setor imobiliário, o banco está baixando o tíquete médio e pulverizando riscos.

 

Assim, empresta pouco para muitos e cria uma massa de clientes." Quando compra uma casa com financiamento de 10 ou 15 anos, completa o analista, o cliente estará com a instituição por um longo período, abrindo conta corrente, poupança e comprando outros serviços.

 

O vice-presidente da instituição, Norberto Barbedo, admite ser essa a intenção, além de ganhar market share no setor imobiliário, com ênfase nas classes mais baixas. "Esses clientes ainda farão negócios com o banco por 5, 15 e até 30 anos. Teremos uma política agressiva em relação a clientes com rendimento entre três e 10 salários mínimos".

 

Além disso, o banco projeta um crescimento na participação nesse de mercado em 18 meses, que passaria de 22% para 26%. "Vamos entrar para vencer. Queremos uma participação condizente com o tamanho do Bradesco", garante.

 

Para o diretor executivo do banco, Ademir Cossielo, não se podia esperar a crise passar para posicionar-se em relação às taxas e prazos de suas linhas de financiamento. "Estamos muito atentos às condições de mercado e é preciso tomar um posicionamento imediato. O Bradesco é um banco muito ativo, com grande capilaridade. Não podíamos esperar passar esse momento econômico", diz.

 

O diretor da InterCapital, Carvalho Pinto, acredita que o Bradesco, terceiro colocado no ranking por ativos nacional, com R$ 482,141 bilhões, possa levar vantagem nesse processo de crescimento. "Enquanto ele já está crescendo organicamente e de forma estruturada, seus principais concorrentes estão se integrando depois de fazerem fusões e aquisições".

 

O Itaú Unibanco, líder no ranking, com R$ 618,943 bilhões, planeja estar integrado em dois anos. Já o Banco do Brasil, segundo colocado, com R$ 591,925 bilhões, adquiriu recentemente o Nossa Caixa e 50% do banco Votorantim.

 

Governo

 

Para Carvalho Pinto, a pressão do governo sobre as instituições financeiras, em particular seus bancos – Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – ainda não surtiu efeito no sistema financeiro nacional. "A queda dos juros chegou ao tomador final por conta de uma queda da Selic.

 

Os bancos, porém, continuam muito rígidos na concessão de crédito", analisa o executivo. Segundo ele, mesmo os bancos federais teriam mais folga nas concessões ao crédito habitacional, graças ao programa do governo "Minha Casa, Minha Vida", e estariam mais restritivos no crédito ao consumo.

 

"Essas instituições estão em linha com a plataforma do governo atual. Já no crédito ao consumidor, todas as instituições seguem rígidas na hora da avaliação, com temor da inadimplência." Ele explica que o dinheiro emprestado agora, sem uma avaliação correta, pode se tornar um problema futuro por falta de pagamento.

 

Fonte: DCI

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