Banco da Amazônia

Ações dos bancos caem 2,6% e investidores se desfazem de papéis

O mercado financeiro levou um susto, embora passageiro, com as medidas anunciadas pelo Banco Central para conter a desvalorização do dólar em relação ao real. O presidente do BC, Alexandre Tombini, mandou o recado de que está atento às artimanhas dos bancos para auferir lucro fácil, ao forçá-los a reduzir a posição vendida (aposta na queda do dólar), a partir de 4 de abril. Isso será feito por meio de depósito compulsório, não remunerado, sobre 60% do total de moeda estrangeira em seu poder, que excederem US$ 3 bilhões.

Por conta dessa imposição, as ações dos grandes bancos recuaram na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e arrastaram para baixo o Ibovespa, índice que mede a lucratividade das ações mais negociadas no pregão paulista, que caiu 0,72%, para os 70.578 pontos.

No fim do dia, os papéis do Bradesco despencaram 2,65%, os do Itaú baixaram 2,14% e os do Banco do Brasil escorregaram 1,47%. Os analistas ressaltaram, porém, que esses resultados são passageiros, pois o impacto das medidas baixadas pelo BC não devem afetar a alta rentabilidade do sistema financeiro nacional.

Na verdade, o que o governo fez foi frear os movimentos especulativos comandados pelos bancos, que rapidamente encontrarão outras fontes de ganho. “A ação do BC foi importantíssima para corrigir distorções, mas não afetará os lucros dos bancos. As ações deverão recuperar o fôlego rapidamente”, destacou um operador de mercado.

Segundo os analistas, depois do susto inicial e de enxergar com clareza o primeiro passo de Alexandre Tombini no mercado de câmbio, os investidores se acalmaram. “Mero efeito psicológico”, afirmou Pedro Azzam, da Ativa Corretora. As ações dos grandes bancos, segundo os estudos gráficos de Azzam, caíram porque já vinham em clara tendência descendente.

“A queda da bolsa e a alta do dólar ( 0,78%, para R$ 1,688) se deram meramente por conta do cenário internacional. Um dos fatores que interferiram foi o pedido do Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, ao Congresso do país, para que seja elevado o limite da dívida pública do país, atualmente de US$ 14,3 trilhões”, frisou.

Para o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, não haverá mudanças no preço do dólar ante o real. “O efeito da medida do BC será neutro”, ressaltou. Ele lembrou que a posição vendida dos bancos privados, de US$ 16,8 bilhões, está no maior nível desde 2005, e chegou a essa condição porque, em 2010, o próprio BC “foi mais ativo em suas intervenções e comprou divisas além do excedente de fluxo do mercado”.

Segundo ele, as instituições “zeravam” o risco cambial, porque “recebiam os juros em dólares no mercado doméstico (mais altos) e pagavam juros em dólares no mercado internacional (bem mais baixos), ganhando com a diferença.

Também para Luiz Roberto Monteiro, assessor de Investimentos da Corretora Souza Barros, a operação do BC não terá impactos imediatos. “O mercado está com receio sobre o que pode acontecer daqui para frente”, salientou. E disparou: “Estranho foi a reação tardia do BC. Os bancos já operam com posições vendidas em dólar há muito tempo”.

Sem a certeza de qual será a próxima cartada do governo, o mercado incentiva todos os tipos de boatos. Há quem diga que o governo pretende lançar mão da quarentena (obrigar o capital especulativo a permanecer no país por tempo determinado) ou taxar o investimento estrangeiro em bolsa.

Corte de gastos
A primeira iniciativa do novo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi considerada acertada pelo mercado, mas em dose equivocada. Para o especialista em câmbio da Corretora BGC Liquidez, Mário Paiva, seria bem mais saudável se o governo sinalizasse a intenção de conter o gasto público.

Além de não ter efeitos práticos imediatos para a economia do país, o pacote de Tombini não foi capaz de alterar as projeções para a taxa de câmbio nos próximos 12 meses. O Bradesco manteve as expectativas de preço médio de R$ 1,70 para o dólar até o fim de 2011.

 

Fonte:  http://www.bancarios.org.br/index.php?pg=noticia_clipex&id=18262

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